A "pequena pedra polida" (do árabe az-zulaïj), introduzida pelos Árabes no século XIX, transformou o Portugal em um espaço de arte popular. Hoje, a arte do azulejo se transformou na arte portuguesa por excelência e continua a inspirar artistas e decoradores.
Tapetes geométricos
Até o século 16, os azulejos
são importados da Andaluzia, principalmente de Sevilha onde
Manuel I encontra o material necessário para decorar seu
palácio de Sintra. Os azulejos, então grossos quadrados
de porcelana, são dispostos em môdulos de quatro. Eles
representam motivos simples (flores, esferas e pinhas) ao infinito, e
dão a impressão de verdadeiros tapetes murais cujos
relevos atraem a luz. Uma policromia subtil alia o verde esmeralda, o
azul de Fez, o branco, o preto e o amarelo alaranjado.
O azulejo durante o Renascimento
Durante a metade do século 16, o Portugal
possui suas próprias fábricas de azulejos. Os
artisãos utilizam então a técnica chamada
majolique, inventada por Francesco Nicoloso. Os arabescos e os motivos
ainda geométricos são agora pintados sobre um suporte
liso.
A técnica do Italiano torna agora
possível a representação figurativa.
Frequentemente, trata-se de medalhões alegóricos, mas
podem ser igualmente verdadeiros painéis representando uma
cena.
Da policromia ao triunfo do azul
No século 17, coexistem pequenos quadrados
azuis (ou verdes) e brancos dispostos como um xadrez produzindo um
efeito de relevo; ou cenas figurativas policromas. As mais trabalhados
estão, na maioria das vezes, nas igrejas. Elas apresentam
subtis uniões de cores clares, onde dominam o verde, o azul e
sobretudo o amarelo. Seus motivos (vegetais mas também animais)
se inspiram às vezes do mundo exótico descoberto pelos
navigadores. O azulejo fino, branco e azul, cuja
invenção é atribuída aos ateliês de
Delft, na Holanda, aparece no fim do século. Muito influenciado
pela porcelana chinesa, este tipo de azulejo vai obter muito sucesso
no século 18.
A idade dourada : o século 18
O apogeu do azulejo coincide com o reinado de
João V (1706-1750). Grandes painéis monumentais enfeitam
então os palácios, as igrejas, os claustros ou as fontes.
Estilo e motivos (cenas de guerra, batalhas, episódios
mitológicos ou extraídos da vida dos santos) refletem o
gosto da época. Nas igrejas, os tons frios e azuis dos azulejos
se misturam aos dourados das madeiras.
Declínio e renascimento (séculos 19 e
20)
O terremoto de 1755, com todas as
reconstruções futuras, cria uma forte procura à
qual respondem fábricas como a do Rato, em Lisboa. Os motivos
tornam-se mais simples, enquanto que a policromia reaparece. O tempo das
guerras napoleônicas favorece o declínio do azulejo, que os
emigrantes, de volta do Brasil, recolocarão na moda em meados do
século 19.
A partir desta data, o azulejo reflete as grandes
estéticas do tempo: o Art Nouveau primeiro, depois o historicismo
do início deste século. O azulejo é utilizado para
decorer os imóveis púplicos - principalmente as
estações (Aveiro ou Porto) - e também os
palácios (Buçaco) ou as fachadas das igrejas. Os temas
históricos ou oriundos da vida popular são então
impregnados por um simbolismo um pouco ingênuo.
O azulejo contemporâneo
O azulejo permanece uma arte viva no século 20. Os artistas cujas
composições transformam a perspecativa tradicional (Almada
Negreiros, Vieira da Silva ou Júlio Pomar) são
substituídos por uma nova geração que concilia
pintura e escultura, brincando com os relevos. Outras personalidades
criaram obras impressionantes que podem ser admiradas no Museu do Azulejo
em Lisboa.
O azulejo no Brasil
O mesma utilização do azulejo pode ser admirada no Brasil,
principalmente na cidade de São Luís, capital do
Maranhão.
O centro desta cidade histórica, que data do final do
século 17, foi fundado pelos Franceses e ocupada pelos Holandeses
antes de passar sob a dominação dos Portugueses. A
área preservou o conjunto original de suas ruas de traçado
retangular. Devido um período de estagnação
econômica no início do século 20, uma quantidade
importante de imóveis históricos de grande qualidade foram
conservados, tornando São Luís um exemplo excepcional de
vila colonial ibérica. No traçado do centro da capital,
encontram-se características semelhantes às cidades de
Lisboa e Porto.
O centro histórico da cidade de São Luís, que deve
seu nome a Louis 13, rei da França, é o nono monumento
histórico-cultural do país incluído na lista do
Patrimônio Mondial Cultural e Natural da UNESCO, segundo uma
decisão da Assembléia Geral do Comitê do
Patrimônio Mundial, reunido em Nápoles, na Itália,
em 4 de dezembro de 1997.
Três características técnicas permitiram a
São Luis de se transformar em Patrimônio Mundial, segundo
os critérios da UNESCO:
1-Testemunha excepcional da tradição
cultural: isto se deve à preservação importante dos
prédios coloniais do centro histórico da capital, exemplo
preservado da presença portuguesa do século 18 e
início do século 19.
2-Um exemplo importante do conjunto arquitetônico e da paisagem
urbana, que ilustra um momento significativo da história da
humanidade: o centro histórico de São Luis é
considerado como a maior zona arquitetural colocial protuguesa existente
no Brasil.
3-Um exemplo importante da integração humana tradicional,
que representa igualmente uma época: a ausência de
modificações au longo dos anos na zona central da cidade
preservou um conjunto muito homogêneo, apesar do crescimento desta
região.
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